De ex-diretor de design da Jordan Brand, D’Wayne Edwards agora toca a Pensole Footwear Design
Edwards relata que enquanto carimbava um documento e outro, pensava em como convencer a empresa L.A Gear, na qual trabalhava, a trocá-lo de área. Assim lhe surgiu a ideia de usar a caixa de sugestões, sugeriu que o contratassem como designer e deixou também o desenho de um tênis feito a mão na caixa, repetiu esta ação por seis meses.
O dono da L.A Gear que também era dono da empresa de Portland e Oregon, que foi a terceira maior indústria de calçados nos EUA em 1980, o chamou para conversar em sua sala, onde estavam 180 desenhos seus espalhados pela mesa. Edwards tinha acabado de ser contratado como footwear designer, com apenas 19 anos. Hoje é considerado o Manolo Blahnik dos calçados e chefe de design da companhia.
A nike comprou seu passe em 2000, sua responsabilidade era desenhar produtos para a Air Jordan, uma submarca americana inspirada no jogador Michael Jordan. Edwards assinou duas versões dos modelos Air Jordan, lembrando que apenas outros cinco designers conseguiram isso em 23 anos da companhia.
Além de seis olimpíadas, desenvolveu mais de 500 projetos que geraram cerca de US$ 1 bilhão em vendas no mundo todo. Todas as suas criações eram feitas apenas com um lápis número 2, que se associa ao nome que foi dado a sua escola, Pensole Footwear Design Academy, já que Pensole é um neologismo em inglês, com lápis e solado.
Sua escola foi inaugurada em 2011, sendo a primeira escola focada em criação de tênis. Flavio Markiewicz, um dos mais de 700 alunos que passaram pelos ensinamento de Edwards, relatou que ele é um excelente professor, mesmo sendo severo ele sabe o que ensina. Flávio também relatou que os alunos entravam lá pelas 8 da manhã e não tinham hora para sair.
Seus cursos duram entre duas e doze semanas, abrangendo três áreas dessa indústria que fatura milhões, que são: design, negócios e a trilogia de cores. Algo bem interessante a ser destacado é que labels como Nike, Adidas, New Balance, Reebook, entre outras, são marcas que bancam a maioria dos cursos, com direito a material e briefings para os futuros designers que saem da Pensole.
Na verdade, muitos deles já são logo absorvidos pelo mercado e algumas das vagas requer uma espera na fila (onde há mais de 3 mil interessados). Para entrar na academia, basta ter concluído o ensino médio, ser maior de idade e enviar um tênis desenhado a mão para o site da escola.
As pessoas escolhidas ganham experiência prática nesse ramo e também bolsas de estudo. A disputa entre os melhores alunos é cerrada, e por conta disso foi lançado um reality show (Lace Up: The Ultimate Sneaker Challenge) em parceria com o YouTube Red. O time campeão conquistou uma colocação na Adidas e teve seu tênis (o Harden Pensole) produzido para comercializar.
Mas para quem quer ingressar no curso arcando com todas as despesas, doze semanas de conteúdo custam em média US$ 10 mil, valendo como créditos universitários. Esse custo cobrado pelo curso, acaba sendo um investimento para as bolsas de estudo. Edwards veio de uma família muito humilde, no entanto procura ajudar quem não tem condições.
Ele acredita que “um bom sneaker é o passaporte para o amor”, já que não tinha dinheiro para comprar um carro quando jovem, o tênis era a saída para conquistar as garotas.
Edwards relata que se fosse possível, ele gostaria de ter criado um sneaker para a categoria Bruce Lee, que é baseada no lutador de kung fu morto aos 32 anos, inclusive uma das paredes na sede Pensole é ocupada por uma imagem do lutador.
Pegada criativa
Falando em criatividade, temos o americano Dominic Chambrone, que tem mudado de forma inusitada essa cultura. Também é conhecido como The Shoe Surgeon, Dominic cresceu com a paixão por tênis e pensando em como transformá-la em uma carreira lucrativa e significativa.
Chambrone administra cursos pop-up em Nova York e ensina em sua própria escola em Los Angeles (a Shoe Surgeon School). Durante somente quatro dias os alunos aprendem três coisas fundamentais sobre o calçados tradicionais, montar, desmontar e escolher os materiais certos.
Veja o que ele relata: “As pessoas dizem que sou talentoso, mas discordo. Trabalho duro, puxo meus limites e não aceito um não como resposta”, afirma. “Fiz um plano de negócios quando tinha 19 anos, mas as coisas não saíram exatamente como o esperado e foram mudando diariamente. Hoje dou aulas na minha própria escola e sou chamado pelas principais marcas do mundo para desenvolver projetos. Passei de nivel”.
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